quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Depois daquela viagem



Você precisa
conhecer minha dor
ela mora no lado esquerdo da alma 

que anda vazia

Agora estou aqui para mostrar
com calma, que você teve tempo
para reconhecê-la
e afeiçoar-se a ela
como se fosse sua

Mas você recusou
lidar com o perigo
que é tocar o abismo
esse espaço em queda livre
no fundo de uma mulher

Lá me agarrei a uma estrela
colhi a rosa impossível
apaguei letras do pensamento

Vivi a dimensão e as angústias
do dia a dia, em uma caverna fria
que se tornou meu coração










Adriane Lima










Arte by Pedro Tapa

Flores desconexas



Aos poucos
fui reconhecendo a flor que
te emprestou o cheiro

penso em fechar os olhos
e te tocar por inteiro
das pontas dos dedos aos teus pelos

para depois escrever
um poema de amor
simples e verdadeiro

e não entender
que é amor
toda essa paisagem




Adriane Lima





Arte by Aaron Jasisnki

Dor emoldurada



Sal das palavras
onde tudo acaba
meu corpo não é
mais meu corpo

Doem meus ossos
ao apoiarem-se ao chão

Tudo transborda
ao respirar fundo
obscuro muro é o desejo

Frágil mudez que
aprendi a decifrar
olhos de oceanos que
consegui atravessar

Transformo minha fala
em suspiros
tenho farpas por entre poros

Vesti couraças ao perder carícias
meu corpo tem memória amorosa







Adriane Lima





Arte by Nadila Cherkasova
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