domingo, 15 de janeiro de 2012

Versos tristes



Com muita aspereza descobri
que para se proteger, melhor, é não sentir
fecho entradas e saídas
não olho pra minhas abertas feridas
E me vejo dissonante e adormecida
sob um palco em que me deito
entre horas de lucidez fingida
E tranco meus versos como garantia
Que não venham mais tarde me cobrar
por entre dias se assim adoeci
meu corpo cansou de movimentos
Festas e danças imaginárias
Vive em mim fiéis depositárias
dores, lágrimas e tormentos
enquanto eu só pedi por um momento
que enxergassem que morri

 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 

O já é jazz


Quem a vê livre
a voar nem desconfia
que por trás de uma aparência
forte sorridente e destemida
Existem marcas na alma e na pele
entre o que se fala e o que se sente. 
Existe uma fragilidade de mulher
que deseja ser acolhida.
Que dança rock, para que a vida não a sufoque. Lentamente faz passos de ballet
Entre giros e "pliés"
Rodas incessantes de marés. 
Seu eu-menina nunca seria bailarina
pois já ardeu, na ponta dos pés.
E hoje sabe usar as mãos
nas tintas que colocou
no mundo da insensatez. 
Abraçou cansaços, venceu espaços
de um tempo que não nasceu, enfim.
Agora quem olha até se engana
porque não quer ver, "tin tin por tin tin". 
Mulher que traça terra, céu e mar
que muda a direção dos ventos  
E sai de seus lamentos, como quem pode rodopiar
Sai de cena, e nem condena, o que ficou pra trás.
Não por ser ausente, nem ser diferente
tudo nela,  já virou um jazz ....

 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Igor Samsonov 

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