sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Levo-me

 
É seu nome que sussurro baixinho
quando mordisco o dedo mindinho
e me enchendo de desejos, penso:

- não quer roubar o meu coração 
e levar uns beijos de brinde?

 


Adriane Lima

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Asas e filosofias







Muitos nem imaginam
muitos leem e se perguntam :
nossa, ele está triste ?
 

como poderia um poeta viver triste
ele deve apenas falar de amor
em suas poesias
lamentar-se e ter dor
não é para o poeta

então ele é mesmo um fingidor

que dorme com as palavras
sob o travesseiro
e pela manhã as embaralha
jogando-as para cima

e imagina que elas sejam
borboletas,que de uma lado
a outro vão pousando
entre a dor e o amor
 e outras redundâncias

Só assim o poeta está vivo
quando pode ser triste e
ao mesmo tempo estar
apaixonado





Adriane Lima 










Arte by Andrian Bekiarov

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Correntes de um castelo

 
 
Se a dor que sinto
não lhe diz nada
pouco importa
hoje a porta fechada 
fez meus olhos enxergar

castelo de prisões
guardavam princesas
em seus porões

porões de pensamentos
e não de palavras
porões de silêncios
e não de carinhos

chegaram
os ratos famintos
as penumbras constantes
os hábitos dissonantes

e apagaram o que
já estava escuro

vozes não ecoavam
conselhos não bastavam
e a injustiça se coroou

o cansaço diário
o olhar visionário
por gerações se consagraram

e nada disso adiantou

era pouco o que eu tinha
era muito o que eu dava

e a falta mais amarga
era do espírito da verdade
do calor e intensidade

do laço a se desmanchar

e assim mais uma sina
se cumpriu
e as portas
do destino ou do acaso
entre nós, se abriu

as dores foram muitas
desde a ausência do visível
a mais terna falsidade

flechas fincadas em meu corpo
causaram torpor
aterros e agruras
me conduziram à loucura

do que restou

efeito antigo e recente
que absorvo descrente
se já aprendi a carregar

artilharias diárias 

condições ordinárias
que nem um santo poderia suportar

peso de lã em cordeiro
se há pecados no mundo
que sejam de amor verdadeiro
só por eles vale à pena sangrar

 









 Adriane Lima


Arte  by Cristofle Lorain  

sábado, 25 de agosto de 2012

Serena mente, coração descrente





Abro meu peito
no limite máximo, sinto que
meus pulmões não respiram
colecionam silêncios e descompassos

carrego hoje nos ombros a dor do amor
pesos desmedidos e amarguras infinitas
caminhante sigo
não paro o relógio do tempo

inverno, verão ou primavera
a violência dos dias vem vindo

destruindo
separando
esgotando

promessas de uma última flor
nos jardins de minha memória

A essência tem cheiro de passado
onde afago só retratos
balbucios de quem mal sabia andar

mergulho em miragens
me banho no lago de Deméter
água que me purifica
férteis sementes emergem

desejando que todos os dias
eu possa me perdoar pelas
horas de sede da verdade

onde tudo era colisão
meus pés buscando asas
no avesso da emoção




Adriane Lima  






Arte By Christofle Lorain

Prato feito











Famílias nem sempre
são flores de candura
você pode cuidar e
oferecer toda lisura

água doce em pedra dura
nem todo ouro
é fornitura

queimam e não se moldam
aos tempos de amargura
felizes os que de febres
não se coabitam 

grãos de gerações
que morrem na areia
com faces lânguidas


Que festa !!!!





















Adriane Lima


































Arte by Haley Hasley

Efêmero






Eu sei na realidade
que se te tocasse
com as mãos

o meu coração
não suportaria
conhecer a saudade
 

e então eu viveria
a sonhar com a eternidade
sempre em ponta de dedos
 

digitais de amor
suavidade atroz
 

para quem já viveu
de asperezas ...





 


Adri Lima






arte by Andrian Bekiarov 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Na madrugada me vesti de poesia





Resolvi te contar
porque a poesia
é hoje em dia
a minha salvação :

da poesia quero colo
e também a solidão
ela é água que me ferve
me deixando em ebulição
 
ela me redime de pecados
que já nem sei, se são meus
ela me enfeita e me
desvia do lado mal
 
com ela sou eterna menina
me fortaleço e viro fogo
morro acima
 
a poesia me deixa nua
para ela a entrega é total
ela me tira as impurezas
feito sal
 
nela sou alvo e flecha
que se perde no meio do caminho
sendo a santa, ou a mundana
pouco importam os meus espinhos
 
ela me tira do abismo
e me põe de volta a estrada
ela me colore o corpo
onde o tempo não deixou nada
 
me tira a vaidade
ela é a flor mais esquecida
no jardim da vida
 
e mesmo assim
ela perfuma todo o quarto
quando sussurra dentro de mim :

- "conversa comigo"










Adriane Lima

Entre mundos

 
 
 
 
Há entre nós
uma imensidão sem fim
entre o encanto do acaso
e o dedo de Deus
te indicando para mim ...
 
Adri  Lima
 
 
 
 
 
Arte by Catherine Alexandre 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Borboleta em flor fez voar a dor




Sim, hoje eu soube compreender
porque a vida algumas vezes me fez flor.

Sendo flor, fui margarida
na exata medida
arrancou-me pétala por pétala
da raiz até o amor
lágrimas ao solo
viraram musgos
finas rugas
de tempos outonais
onde tudo se perdera
onde tudo se esvaíra
E então, eu vulnerável
precisei desabrochar
revivendo de outras formas
para não morrer e nem matar
como flor brotei, como flor sequei
como flor renasci novamente
e minha semente, foi jogada ao ar
hoje estou liberta

sob o signo da borboleta
agora o amor, pode vir me visitar
que nunca mais irá me ver sangrar






Adriane Lima 








(imagem retirada da net )

Mudez de gestos





Nessa tarde de silêncio
converso com o pássaro que flutua
ele beija a flor
que não lhe diz coisa alguma
ecos de um dia
passam feito espuma

Adri Lima 





( Imagem retirada da net) 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Poema sem essência



Não é sempre
que se faz nascer palavras
do útero seco de um poeta

aborta-se a saudade 
e os amores
para que possam
externar as dores

serenidade nem sempre
é sua grandeza

humildade nem sempre
é seu esforço

e a pequenez desses atos
fazem o elo do desgaste
então diário,
entre o poeta real
e o homem imaginário

e quando o poema já nascido
é lido, assumido e mastigado

lá vem o poeta lapida-lo
para que pelos olhos
dos demais ele seja adotado

e o homem perde-se diante
de tal gesto
pela polidez de sua alma
que esvazia 

- eu bem sei

que preciso parir poemas
para agarrar-me a terra
até a altura de minha
vulnerabilidade ...



Adriane Lima




 Imagem by Steven Kenny

Redoma

domingo, 19 de agosto de 2012

Em completo desafeto...








O que ficou abafado
é mais triste que um fado
é flor que não tem raiz

roteiro dado a uma atriz
papel que não soube vivê-lo

justiça cega em ponta de espada
serva contida e calada
olhos vendados para não ver
as juras de uma qualquer

tantas vezes a verdade
me aparece assim encantada
relembrando os velhos conflitos
do silêncio que me prepara

a escrever novos poemas
a aceitar o sistema
escolhido por cada um

tempo é remédio
é o melhor ansiolítico
tomado na boca da noite
para a voz poder voltar

hoje olho essa estátua
que inspirou a palavra : justiça
e sinto imensa preguiça
de repousar nessa mulher

 

Adri Lima

 Arte by Annie Stegg 

Meu coração foi acordado ...




Mundos interligados
pela teia da vida
mãos doces
afagaram feridas
 
a prece, foi a escola da vida
as forças ocultas
mostraram, as respostas da vida
 
remoto controle
do qual nos perdemos
o susto
a dor
o frio
 
a visão de rostos marcados
feito quem caminha
sem saber onde chegar
o grito abafado  silêncio subentendido 
vida,vida
não ávida
sem freio
ave ferida
 
voa na noite veloz
dessas luzes intermináveis
onde derramei
 meu pranto
meu espanto
 
por quem nunca verei jamais
 
reação
união
na tessitura da vida
estamos interligados
feito música imaginária
seguindo as finalidades
a qual, cada um se destina
 
e então,chorei feito menina
que perdeu seu pégaso azul....

 
 
Adri Lima
 
 
( Imagem by Cris Milles )

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Réstias da vida, viagem perdida




 
 
 
Não, eu não guardo mais nas gavetas
os sabonetes que ganhei
em dias de festas
os perfume importados
de vidros reservados
para ocasiões especiais


as roupas de griffe
hoje têm uso diário
 saíram do armário
para minha pele vestir
ouro, pedras, sedas, tecidos mil


chega de guardar um ar febril
de quem retém
de quem espera
algo mágico
diferente
da vida ou de alguém

para mim , hoje a vida
está contida
no último gole
na primeira ferida
no álbum de retratos
no eco de um balbucio
espelhos internos
captando o lado de fora

- lembranças

das rendas
das horas
das salas
das esperas
das dores
dos sins
dos nãos
 

que habitam em mim

especialista em fracassos
em injustiças vividas
não me couberam glórias
não me fecharam feridas

sou humana
caída de um céu abstrato
de um céu ilusório
de noites mal dormidas
 

frágil imensidão em casca de ovo
 líquidos que me compõem
e não se misturam : mel e fel


lágrimas petrificadas
onde o doce do olhar
morreu no coração diariamente


usarei tudo que ganhei
esse mal abjeto

 

assim não mais morrerei
me vingarei 
não brincando mais de eternidade


 




Adriane Lima



Arte  by Konstantin Hazumov 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Tecendo a vida








A leveza da asa, é para compensar a dor
afagos na alma, para me mostrar o amor
Amigo, o abrigo onde me escondo
quando a vida se esgarça e perde a cor...


Adri  Lima 








( Arte by Nancy Noel ) 

Andorinha

 
 
 
 
Uma ave no ninho
uma mãe ao chão
tudo é voo
tudo é solo
rendição...
 
 
 
Adri Lima 
 
 ( arte retirada da net )
 
 

Diariamente ...







Em alguma esquina
deixei meus anseios
recolhi as dores
Hoje, semeio o que restou
e em meu seio nasce o
Carpe Diem em flor....

Adri Lima 





imagem Berit Kruguer Jonhson 

Olhos de lince






É tempo de catarses
é tempo de cartazes
emergir
mostrar
tudo aquilo que em anos
meus olhos não foram capazes





 



Adriane Lima 










Arte  by Catherine Alexandre  

Prestação de cores ...




Tudo tem um preço
nem que seja um terço
daquilo que você pagou
para ver e viver...


Adri Lima



( imagem by Setowski Szafka )

sábado, 11 de agosto de 2012

Reversos de meus versos




Não sou arte
não me olhe

não sou verbo
não me fale 


não sou carne
não me toque
 

sou irregular
e insensata

afasto os que amo
com frases impensadas
 
verto lágrimas
em palavras sufocadas
 habito minha solidão
e mais nada

 

defesa que me isola
e me maltrata

vivo nessa ciranda
 o que está aqui fora
me faz dentro intacta
 

reflexivo???

talvez...

só um poeta busca
mentiras e verdades dentro de si

e onde não há nada




Adriane Lima





Arte by  Imaculada Juarez

Equações





Enquanto ele discute futebol
eu penso em eternidade
já que Terra é uma bola
joguemos nossas verdades


 
 
 
 
Adriane Lima







Arte by Catherine Alexandre
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