quarta-feira, 30 de abril de 2014
Ciclos individuais
O mundo nem sempre dá atenção
a dor que guardamos no peito
é preciso que dos olhos
não saltem pedras
não cristalizem gestos
vivemos entre o sim e o não
por pura ingratidão
ao ofertarmos flores
a quem nos devolve espinhos
não há enganos em mim
a realidade crua promoveu
a energia necessária
para enxergar tantos erros
construí muitos castelos
de areia e cartas
a contra gosto das intempéries
revestidas de amorosidades
sonhador nato
à extravios ingratos ?
- não saberia responder
ambivalência para alguns :
existem os sinceros farsantes
os leves em seus pesos
até os ásperos nas doçuras
há muitas coisas
que não se explicam
e servem de poesia
acalanto e magia
para colorirem o peito
enfeitando verdades
que não comunguem
dos mesmos olhares
repouso no papel
da escrita diária
a urgência necessária
para a mão transbordar
o que o peito guarda
acredito que assim
surgiram muitos poemas
com os pedaços da vida
que no final irão compor
os mosaicos de eternidade
Adriane Lima
Arte by Elena Berezina
terça-feira, 29 de abril de 2014
Inteiramente nua
( Poema feito para minha filha )
Corpo é poema
reluz poesia
traços sublimados
em sensações ciganas
liberta de pés
em alma de estrelas
brilho próprio
pura intuição
em negras madeixas
menina mulher
sereia gueixa
caminha em nuvens
de minha imaginação
em meu verso
de mãe, nasceu
a obra de arte
pela flor da criação
Adriane Lima
Arte by Karol Bak
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Inexatos
Fomos frágeis
barcos de
papel
esperando pela
correnteza
inefável
das
marés
fomos
tristes
pássaros
engaiolados
esperando pelo
dia
amenizante da
agonia
somos adultos
demais
exatos
demais
por nunca
termos sido
nem
barcos
nem
pássaros
para ousar
fragilidades
Adriane Lima
Arte by Giuseppe Cacciapuoti
Entre o céu e o verso
Depois que te vesti
já não coube em mim
a minha própria pele
através de teus olhos
arrebatei a fome oculta
que a muito me aquietava
neste desejo sonoro
permanece a tua voz
em meu íntimo chamado
ao sabor da mansidão
desaprendo o destino
abro asas sobre o tempo
rasgando o chão de ausências
as palavras hoje voam
trazidas pelo vento
onde anseio
epidérmicas formas de encontro
meu querer é reflexivo
guardo o verso
entre a nesga da memória
e meu coração de poeta
sob o instantâneo da tarde
vejo o horizonte sem fim
e sei que não sou exílio
por tudo que habita em mim
Adriane Lima
Arte by Dorina Costras
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Poema desmedido
Amor a um grau
de eternidade
Amor há um graal
de intensidade
Amor há um graal
de intensidade
Adriane Lima
Arte by Ricardo Fernandez Ortega
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Céu suspenso
...de todas as bipolaridades
a que mais atinge
é o olhar de sadismo
sobre as raízes mortas
das sempre vivas...
a que mais atinge
é o olhar de sadismo
sobre as raízes mortas
das sempre vivas...
Adriane Lima
Arte by Bogna Polanska
terça-feira, 22 de abril de 2014
Poema em transição
Metáfora entreaberta
versos em decúbito dorsal
ante o ensejo de palavras
ensaio um monólogo
com os sonhos
Adriane Lima
Arte by Omar Ortiz
Visão egóica
Olhos de películas
cílios de promessas
ah, cego amor
maquiagem a um palmo
nem mão de nariz
sublima o expressivo
coração
pele em pele de vento
anatomia perdida
em egos e histórias
caídas aos pés
com medo da verdade
curva de cintura
agarra-te
reflexiva criatura
esconde os rastros
suspiro e ternura
já não condensam
meros pensamentos
nas horas de dormir
suprem as melodramáticas
marcas da paixão
numa escuridão de escolha
e as palavras sem sentido
vão ganhando no tempo
colmeias e sinais
entre os venenos mais doces
Adriane Lima
Arte by Italia Ruotolo
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Restos mortais
Quero guardar o vento
pote no peito
pote no peito
a sonoras gargalhadas
já não há espanto
já não há espanto
só o olhar que se faz eco
e a tudo observa
no silêncio vejo melhor
e permaneço inquieta
velo internamente
no silêncio vejo melhor
e permaneço inquieta
velo internamente
esse grito mudo
quase sorriso
em canto de boca
feito asa que liberta
pensamento melancólico
aqui, nesse instante
pouco penar
em canto de boca
feito asa que liberta
pensamento melancólico
aqui, nesse instante
pouco penar
vários
lamentos
por toda fantasia
por toda fantasia
que rasguei em
fim de ciclos
e reafirmei com compostura
a cumplicidade do que vestia
esse poema não fala nada
espreita todo esse silêncio
prestes a explosão que submerge
e reafirmei com compostura
a cumplicidade do que vestia
esse poema não fala nada
espreita todo esse silêncio
prestes a explosão que submerge
e se prende na garganta
saltando aos olhos da desordem
dessa dor
absolutaAdriane Lima
Arte by Chernigin Alexey
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Infinito
Aqui se
faz
aqui se
paga
mal de
amor
com novo
amor
também se
apaga
Adriane Lima
Arte by Leonid Afremov
Aforismos de renascer
Tenho dificuldade
em apagar fotos
em esquecer fatos
em seguir regras
tenho facilidade
em ironizar maldades
em fazer malabares
com bondades veladas
tenho entendido
os tons enrustidos
os embaraços dos sonhos
dos que pagam para ver
tenho vivido
os caminhos sinceros
os abraços que espero
os lábios em prumo
dos que se lançam para ter
vou ensaiando de leve
um abrir de asas
um cantar de poema
trazendo um gosto de sol
renasci da arte
dona de cordões e jargões
me reservo ar de infância
extirpada de ganância
e egos primaveris
esse é o merecimento
e dentro dele quero existir
Adriane Lima
Arte by Dany Wr
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Olhando ao redor
O mundo de meus
sonhos
é infinitamente
interno
caminho por
ele
diariamente
coloco-os para
fora
em olhos de
beleza
pois outras
vidas
nele
tecidas
foram
bordadas
além de
minha
mão
poética
Adriane Lima
Arte by Tina Kitgaard Eriksen
Ao sabor das sobras
Andando
assim
em mar de
mim
sal do
suor
águas do
desejo
desenfreio
do que me
habita
cuspo teu
nome
em saliva
adocicada
das sobras que
ficaram
no perfume da
memória
toda delicadeza e
leveza
em líquidas
histórias
alma lavada e
desprendida
na densidade do ar
de uma manhã
chuvosa
Adriane Lima
Arte by Alessandro Marziano
Entre lacunas
Vem caminhar
por tempo indeterminado
prosaica forma
sem pretexto
caminhar sob olhos
refletidos
em narcísico
lago
faz sentido sermos
assim
lá, onde sempre me
perco
o quase chegar
perto
lá,vagamente te
sinto
onde o cetro de
rei
se faz teso
entre raízes
orvalhadas
e pétalas
perfumadas
vem
caminhar
nesse mundo
vasto e
desconexo
que te
ofereço
para que versos
imperfeitos
e sem
sintaxe
avivem a
carne
e nos
lembre
diariamente
onde o corpo
morre
Adriane Lima
Arte by Fabian Perez
terça-feira, 15 de abril de 2014
Contra tempos
Me destes
teu corpo
e um intervalo abrupto
me despes
tua alma
e uma absoluta certeza
hoje dorme comigo :
tempo é silêncio
entre corpo e alma.
Amei quieta
tua paixão barulhenta
Adriane Lima
Arte by Dario Campanile
Embalagem poética
Mentiras
em malas prontas
cata vento
que parou de girar
Viver assim sentimentos
é o risco que se corre
de ver a vida pulsar
- armazeno espantos
Adriane Lima
Arte by Tortia du Toit
domingo, 13 de abril de 2014
Estrelas no jardim
Leio poemas
alheio olhar
colho flores
acolho mãos
alma cansada
peito aflito
misteriosa manhã
onde aqueço meu espírito
embora meu gesto
independa do conflito
no labirinto das palavras
o sentimento segue
feito pálpebras
procurando Aldebarã
entre o céu infinito
Adriane Lima
Arte by Kinuko Craft
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