segunda-feira, 13 de julho de 2015

O nome que foi preciso esquecer


 
Onde depositar um segredo
que o coração carrega?
 
deixar ali mesmo
tem me pesado o peito
e esvaziado mãos
 
passa o tempo
e eu brinco que esqueço
por instantes adormeço
e faço pausas no meio da vida
 
teimo em não ouvir
o pulsar que me chama
à qualquer salvação
 
desaprendi melodias
a dizer " eu te amo"
como forma de oração
 
sustentei o que cabia
fui ser minha carne viva
para reaprender a viver
com orgulho descabido
 
foi preciso não enfraquecer
povoar dias descoloridos
criar mistérios comuns
 
e nascer não é fácil
em um parto de si mesma
e morrer não é difícil
quando pesa a vida
 
é uma corrida sem fim
que no peito levarei o nome
a rima, a dor e a canção
 
joguei ao vento palavras
e correm comigo em paralelo
em inquietos diálogos
ávidos de sossego
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Jean Pierre Leckler
 

Renascendo com Alice





 - Porque você está arrancando essas flores? Me pergunta Alice.
- Não são flores, lhe respondo, são ervas daninhas que nasceram no gramado e dão essas florzinhas amarelas.
- Por isso mesmo, não deveria arranca-las, ela me diz, com voz afirmativa.
- Elas são o erro certo, floresceram para enfeitar o gramado.
- Sabe, é como quando a gente ama certo a pessoa errada, ou, ama errado a pessoa certa. O que seríamos?
- A erva daninha que enfeita o gramado sem flor, ou somos o gramado verde desejoso de florescências de amor ?
Quase uma simbiose, precisamos do erro junto ao acerto, e, o acerto junto ao erro.
- Alice, você me surpreende com essa forma de me mostrar quão intensa é a vida.
- Preciso desistir, desse hábito de sofrer ...





Adriane Lima










Arte by  Mark Ryden
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