Minha poesia
anda doente
caquética talvez
contamina-se de ideias
de mitos,de ritos,de fábulas
e sonhos de bailarinas
anda tão civilizada
já está tão adestrada
a ser moça comportada
bem que já era hora
de levantar a saia
de virar a mesa
e contar que sua intenção
era fugir com o dono
de um circo
aprender malabares
ou aventurar-se com
um pirata dos sete mares
e beber rum em sarjetas
estava na hora
de não ser asceta
e perder a hora
de voltar para casa
porque a casa
está vazia
repleta de nostalgias
e músicas suaves
estava na hora
de minha poesia
não precisar
de elogios
olhar bem
em meus olhos
e confessar
sem metáforas
que ela
não é covarde
como eu
Adriane Lima