quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Olhos febris

 
 
Minha poesia
anda doente
caquética talvez
contamina-se de ideias
de mitos,de ritos,de fábulas
e sonhos de bailarinas
 
anda tão civilizada
já está tão adestrada
a ser moça comportada
 
bem que já era hora
de levantar a saia
de virar a mesa
 
e contar que sua intenção
era fugir com o dono
de um circo
aprender malabares
 
ou aventurar-se com
um pirata dos sete mares
e beber rum em sarjetas
 
estava na hora
de não ser asceta
e perder a hora
de voltar para casa
 
porque a casa
está vazia
repleta de nostalgias
e músicas suaves
 
estava na hora
de minha poesia
não precisar
de elogios
 
olhar bem
em meus olhos
e confessar
sem metáforas
 
que ela
não é covarde
como eu 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
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