sexta-feira, 25 de outubro de 2013

LA MELODIOSA




Para Adriane Lima


Toda alma de mulher
comporta algumas horas
ou meses de espera
e leitos de rio
e de riso
e a perda do siso
a qualquer tempo
uma hóstia salta aos olhos
da mulher: o pão
amassado com as próprias mãos, e
a argila esperançosa com que
esculpimos os dias melhores
depois que perdemos a voz
diante da beleza – o alimento natural
que nos faz tão dependentes
do sol e da chuva – e
no jardim ao lado
do fundo do deserto
fita-nos a esfinge muda:
que desta vez não propõe enigmas
mas o silêncio da saciedade
daqueles que se sabem amados
ainda que diferentes.


Lou Albergaria
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