segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sob a leveza da lua



 
Poderia ser mais um poema
mais uma ardência de um ressentimento
ou quem sabe um lamento
em um universo virtualmente poético
onde se misturam perversos,proféticos,
neuróticos,românticos, incautos
e até assépticos olhares
limpos de suas dores
ou repletos delas
uns a trabalham
outros a sufocam
poderia ser apenas mais um poema
para depois de lido
ser jogado ao esquecimento
poderia ser apenas mais um remendo
escrito por um lapso remoído em culpas
poderia ser apenas mais um poema
daqueles escritos em antigos diários
de minha época de menina
poderia ser a mesma ladainha
feita para mãos que sabem
segurar um terço
poderia ser tudo isso
e mais um pouco
e por isso agradeço
por recusar a tranquilidade
por recuar sem orgulho
por dividir o que é meu
por não me cansar dos sonhos
por não me esquivar da ternura
quando sinto os que declaravam
cumplicidade
baterem em retirada
se nasci em uma época
em que o homem colocou
sua bandeira na Lua
ainda acredito que possa
encontrar um lugar
onde repousar a minha
me resta emoldurar a frase :
 
"a paz não é uma bandeira branca,
é uma alma limpa "

 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
Arte by  Monika Detkos

Efêmera divindade

 
 
 
 
 
O azul me cobre
em verde altas folhas
a brancura do silêncio em neve
e eu sem cor alguma
desfaleço
a casca delicada das palavras
fazem-se mosaicos
recolho feito arte
as partes que sobraram
misteriosa ave
que internamente
se disfarça
e guarda em si a vida
em total fragilidade
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
Arte by  Graeme Balchim
 
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