quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Hipotermia



Não sei se é chegado o momento de pedir perdão.
Palavras de rendição, uma forma de constatação
por tudo que sei ter de errado em mim.
Peço perdão pelos silêncios, meus momentos de
interiorização, minhas válvulas de escape, meus embates, nem sempre compreendidos.
Meu jeito meio criança de rir e entrar na dança de uma música que soa ao longe.
De não ser a mãe esperada, que faz bolos, tortas de goiabada,  para filho que vai chegar.
Peço perdão por não ser uma mãe comum, dessas que a maioria tem.
Que não dança, não ri alto, não bebe vinho e se contém.
Dessas que diante do que vê de errado, busca sempre os culpados para assim dormir em paz.
Me perdoem por ser assim.
Assim tão distraída, escrevendo poemas enquanto deveria fechar feridas.
Varrer a casa,fazer comida, por as roupas no varal.
Não olhar as bergamotas brotando, as azaleias despencando perdendo as flores no chão.
Não, eu deveria limpar a poeira dos móveis, por ordem na casa e saber bordar!
Mas, que mãe sou eu que resolvi desempoeirar os sentimentos, resolvi guardar as saudades em potes de conserva, as dores em prateleiras bem altas
já que não tenho escadas em casa.
Sou a que lava as tristezas com o melhor sabão, dando-lhes perfumes novos e amaciados.
Para que o cheiro bom fique no ar.
Não é normal ser assim, bem sei.
Muitos dizem que estou louca por brincar de ser poeta, enquanto contas chegam embaixo da porta da frente e meus sonhos somem pelas portas dos fundos.
Não precisam me apontar o dedo, eu bem sei de tudo isso e nem é segredo que ninguém possa saber.
Não há tempo de ouvir pássaros cantando em meu quintal , enquanto se tem a voz da consciência gritando que é preciso correr atrás do "vil metal"
Eu bem sei de tudo isso...
Mas hoje quero que me deixem ser assim...
Insólita... alguém que se desmancha, que não se condensa,  nem se condena e tem vontades utópicas e coração infantil.
Hoje não há a necessidade de palavras finais e nem de convicções que me apontem as pedras no caminho.
Vou colher o que me resta, passear por minha lucidez e meus desejos imaginários.
Guardem seus comentários...mesmo que esse caminho seja fatal
Gritarei sempre minhas palavras de ordem, desordem e caos...

 
 
 
 
Adriane Lima
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