quinta-feira, 21 de julho de 2016
O espírito do fogo
O cansaço corta o silêncio da alma
fosse de loucura seria a solução
caminhava ao vento
banhava-me em lava de vulcão
Tempos de frio, corpos gelados
abraços vazios, mãos que se tocam
sem explicação
desapego ao sentir
Florir ao que se esvai
passos que procuram um Deus pagão
que conheça o relâmpago
estremecido no átrio do coração
Olhos de paisagem
pelos tempos de guerras internas
onde o sim pode ser um não
Adriane Lima
Arte by Derek Gores
Céu e vento
Avisto a caverna
proteção maternal que celebrei
não colho as vinhas do castelo
não suporto a soberba dos reis
Mergulho fundo no que dói
no que não posso sangro
de resto, dejetos, bem sei
Nada possuo e assumirei
rindo dos dias que me restam
enquanto bebes o bom da vida
brindo a cicuta com os miseráveis
que são de meu clã
É meu naufrágio clandestino
nessa ilha que escolhi por solidão
o vento fala mais que muitas vozes
silêncio abrasa mais que muitas mãos
Persigo as vontades dos que se acreditam santos
mato os fantasmas dos que realmente são
vejo queimar a última brasa sobre o vidro
tudo já foi inventado , tudo já foi vivido
Não há nada de muito que valha meu sangue
é peito arrebentado por dentro
as dores marinadas em álcool
é missa de muita
conversa
onde sigo buscando a explicação cabível
para esse filme sem palavras
que me obrigou a hibernar
Adriane Lima
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