terça-feira, 17 de abril de 2012

Solidão Insone



Enquanto o corpo imóvel
se aquieta
a mente não para
nunca se acertam

corpo e mente não se aquietam
quando um cala outro berra
se o corpo pede calma
a alma acelera

Sozinha
me perco
me encontro
revejo saídas

De dia embate
de noite insônia
A solidão ruído
que brilha mais alto
e sofrido

Árvores se distorcem pela
sombra da cortina e sob
a luz de um poste me ilumina

Pensamentos engasgam
Idéias me abandonam
só quero ter meu sono

O vento canta sua canção
de ninar os astros
Ao longe o céu parece
engolir meus pedaços

Mente corpo
Corpo mente
são vozes que não quero ouvir...
 
 


Adriane Lima
 




( Imagem :  Michael and Inessa Garmash )

Viagens ilusórias



Sentimentos contidos
coração sangrando.
viver tem suas mortes
seus demônios em clausuras

Silêncio que fala, por olhos transparentes
é nele que mora a noite que intensifica
minha Eva 

e também minha serpente

eis o bem que me dá

e o mal que me faz
esse misto de viagens interpessoais

no sim, existe um não
no céu, existe um chão
Nas marés, minha transformação

onde me entrego feito marujo,sem embarcação
vontade que aflora, 

em fel , em memória
pura e ilusória indignação

o veneno tomado, a maça mordida
entre nós a ferida que não cicatrizou
 

O amor negado
com gosto de pecado
juras e lamentação





 
Adriane Lima 



Arte by Irina Vitalivieva 

Lúcida Lucila



                                                                        (Dedicado a minha avó paterna)

Minha loucura foi herdada
Veio caminhando desde minha avó
Que me ensinou a correr na chuva
E tomar café num gole só

Plantava flores em todos cantos
Pintava céus de rosa shock
Palhaços de pés gigantes, que nem
cabiam nos circos de suas telas imagináveis.

Amarrava macaco na cerca da vizinha
E a pobrezinha nem tinha direito a reclamar
Destroncava pescoço de galinhas
E me embalava em suas redes no quintal

E eu lá pequenininha assistia tudo e achava graça
Seu jeito lúdico de ver a vida
Achava aquela mulher tão destemida
E adorava com ela, roubar flores na praça

Por vingança soltava os pássaros,
que meu avô colecionava
Era sua maldade escondida,
Distribuia cafés a quem tinha perdido,
Os grandes os sabores da vida

Nunca a vi triste ou desamparada
Era brava com que merecia e sabia impor
Aquilo que não gostava

Insensata seria eu ,se não tivesse abraçado essa herança
Teria passado pela vida,sem ter as certezas
 
De que aqui só se vive bem,quem alimenta a própria criança ...

Adriane Lima

( Imagem : Jean Claude Desplanques )


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