Menina de flores

De esperas construia histórias
enchendo as mãos de estrelas
e conchas encantadas
no tempo desejos revelados
Nas horas mudas,falava com as mãos
e os ouvidos se abriam em flores
tinha doçura nos versos de amores
e para suas bonecas recitava-os
Nunca usou tranças nos cabelos
pois, neles nada parava
mas na cabeça,
um emaranhado de sonhos
por ela foram trançados
Vivia em um país encantado
bailava entre roupas gigantes
entre saltos altos se equilibrava
sonhando com o príncipe distante
Escrevia romances inacabados
por fortes lembranças, embrulhados
no papel desenhava estrelas
e um céu enluarado
Menina que sempre enlaçava sonhos
perfumes de infância viviam no ar
e entre eclipses coloria os dias
cruzava pontes entre céu e mar
Aprendeu a costurar o invisível
e só então entendeu
que de mulher sobrara bem pouco
De suas mágicas mãos
nasceram poesias
e nas poucas certezas
do infinito, várias vezes
abafou seu grito
Hoje,o silêncio
lhe acaricia a alma
tem medos que nem
sabe explicar
A arte faz parte
de seu novo mundo
onde faz voos
sem sair do lugar
Borboletas ainda voam
como em seu céu de antigamente
onde as crisálidas
abrem-se,diariamente
rasgando realidades e segredos
Poética e sonhadora
sempre foi menina errante
que avistava moinhos
em cataventos
poemas em origamis
que dobrava entre seus ais
O que a poesia lhe trouxe
isso ninguém vai lhe tirar
Fez dela criança ( e) ternamente
amante
ao se descobrir gigante
revisitando recomeços
Adriane Lima
Arte by Kris Lewis
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