sexta-feira, 29 de março de 2013

Diário IV - X






Egoísticamente me adorno
desamarrei devagar os últimos laços
como quem se despe, sem pressa
e se entrega ao amor verdadeiro


em meus ouvidos
teço palavras doces e de encantamento
salvo as preces e a companhia
é o instante onde escuto a eternidade


ao me doar
gerei amor 

...grávida de mim
enchi-me de zelo
 

guardei lá dentro
medos, amores
sonhos e nostalgia

o ontem e o além dos dias
 

as minhas fases
hoje feito a lua cheia

redondamente me dou voltas
habito-me por inteira


pela solidão me enamorei
ganhei tempo me querendo
libertando meus desejos
dissolvendo minhas fomes


-grávida não pode passar vontades
eis a vantagem,
me alimentei do melhor de mim

do outro espero que me veja assim :

parindo a vida liquida
nesse mergulho sem fim




Adriane Lima 



arte by Anna Zinkovsk

2 comentários:

  1. Nunca um poema conversa sozinho,nunca uma poetisa como você não terá gestações verdadeiras como essa.Parabéns,lindo sua gestação dentro de sí mesma.

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  2. Só depois deste mergulho na própria alma seremos capazes de também mergulhar na alma do outro, entendê-lo e verdadeiramente amá-lo. Seu poema contém profunda reflexão e o amadurecimento da arte poética. Parabéns, Adri.

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