sábado, 10 de agosto de 2013

Dos pássaros para eternidade






Hoje acordei pensando
o que será que a vida me reserva ?
uma doença incurável
ou só uma febre amarela
um acidente notável
feito protagonista de novela
ver os netos correndo na sala
eu fazendo crochê e banguela
surpresas boas ou nem tanto
já que a solidão é companheira
em noites de insônia eu fico pensando
que a vida me deu uma bela rasteira
as vezes me pego chorando
sem ter motivo ou rancor
foram as escolhas que fiz
amei e desamei do meu amor
tive poesia em ponta de dedos
me dizem que não há mais o que fazer
perdi sonhos não há segredos
é tempo passando
idade avançando
e o peso dos ombros me dando medo
fecho os olhos e sinto falta do passado
das madrugadas cantando para o filho adormecer
do barulho das festas
da minha gargalhada alta depois de beber
o violão e as serestas
dos amigos e das noitadas
da pia bagunçada
após os almoços de domingo
e de tudo que fiz por merecer
sempre me encantei com a liberdade
em cada derrota não me deixei morrer
eram outros tempos, é verdade
onde no desespero
eu ressuscitava
onde eu era bela e tinha vaidade
minha solidão foi o grande alarde
Hoje acordei pensando
o que será que a vida me reserva
sei onde errei em cada etapa
sei que não fui muito de reza
de muita coisa posso me orgulhar
degustei cada segundo
e não tive pressa
se morresse hoje iria feliz
nunca desperdicei milagres
em tempos de misericórdia

 



Adriane Lima



Arte by  Andrey Hamnev

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