sexta-feira, 8 de junho de 2012

Algemas poéticas



Somos nós servos das palavras
escravos do tempo
com a bagagem na memória
raízes de nossas histórias

Seguimos :

nas pregas dos dias
os sentimentos
uns calmaria
uns ousadia
alguns tormentos
outros arrependimentos

O silêncio abre a janela do novo
com ele olhamos o enigma
e caminhamos
mesmo que cansados
respiramos fundo
em busca dessa virgindade
sem vertigem
e com coragem

submeto-me ao tempo
ele é meu senhor, bem sei
e quando estou fraca
ele põe poesia em mim
arte que me nasce todos os dias
pelos meus olhos, poros e dedos

a ampulheta me algema
e eu tento ser eu mesma
explicando pouco e
sentindo muito, então, sigo

pelos meus tormentos viajo
com elegância,me dispo do ego
me lavo com as cores do cotidiano
tons matizados do cinza ao rosa

minha alma livre
não conhece essas algemas
o singular do tempo
os sonhos amassados
os verbos não usados
as metafóricas mentiras

o que me pesa
são as fragilidades
os pedaços humanos
que todos nós carregamos
de tempos em tempos
onde todos tem seu preço

 


Adriane Lima


Arte by  Tara Juneau  

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Florindo



Mulher serenada
internamente rosas
na pele o tempo
nos olhos rastros
na alma versos
absorvendo a seiva da vida
e em seus contornos, pulsão
melodias dedilhadas
onde amar é só um verbo
de ligação ...

Adri Lima
 
 
 
 (Imagem retirada da Net  )

quarta-feira, 6 de junho de 2012

(Im) previsto

 
 
Hoje acordei
com esse aperto
feito ar rarefeito
pesando no peito

Então me dei conta
que as palavras
invisíveis aos olhos
me doem 
dói o que não alcanço
dói onde não me lanço

palavras não são atos
mas elas contém vida
escoam na língua
trincam os dentes

e a saliva de meus poemas
escorrem pelo canto da boca

e então me vejo
amordaçada e lenta

suave em acre veneno
de quem nada diz
nem se declara
apenas retalha
E aguarda uma revolução

 
 
Adriane Lima
 
 
  Arte by Celine Excoffon 
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