Sempre é silêncio
para começar um poema
o som da respiração
busca palavras em cadências
vagarosamente
elas saem de mim
pingando feito estrelas
na noite de um céu de julho
cada vez mais perto estou
das palavras estrelas
em meu peito aberto
visto imagens etéreas
quebro o silêncio
com um suspiro intenso
-nasceu o poema
arte interna
vinda de mim
como um astro
que aparece de repente
dor
alegria
paixão
recortes
estendidos no varal
do tempo
levados pela minha existência
saídos dessa urgência
irão compor novos seres
que ao lerem irão transformar
as palavras,os astros,o poema
em novos silêncios ou gritos
e passarão a habitar comigo
a mesma dimensão
Adriane Lima
Arte by Igor Kamenev
Há um remoto controle
sobre tudo
há sobre tudo
um controle
sobre a vida
sobre os passos
remotamente
há controle
tempo
passado remoto
o analgésico da dor
o alívio que conforta
paliativamente
o que as mãos não suprem
Adriane Lima
Arte by Renzo Castañeda
O doce amargo das lembranças
talvez tenha o cheiro das rosas
nostálgicas
elas falam por si
espalham fragrâncias
e trazem muito de mim
-essência
casas de avós
muros baixos
meninos descalços
liberdade
pipas no ar
o doce amargo das lembranças
não vem das rosas
vem de minha memória olfativa de criança
rastros de saudade
por cada detalhe que deixei passar
-lembranças
hoje eu queria
que elas fossem minhas
e são
as rosas,não
Adriane Lima
Arte by Mark Arian