terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Argumentos de vidro



Que motivos
tenho para acreditar
deter algo
dentro e fora
de meus assombros

o calor chega
é preciso me despir
o inverno chega
é preciso me vestir

e quem sou eu
para ditar regras
parar o sinal
pensar nas horas

o carro corre
tenho tempo
para falar
a tarde morre
tenho tempo
para amar

e quem sou eu
para o inesperado?

quando pairo
sobre uma cidade inteira
o tempo voa lá fora
sinto uma paz
comprada
muito embora
conheça o preço dela

tudo não passa
de filosofia
das últimas horas
onde as palavras
parecem
ser escolhidas
a dedos

para não trincar
a benevolência
dos que ainda
romantizam
o crepúsculo

para afirmar
que ainda
a noite pesada
gerará sobre nossas
metamorfoses
seres alados
e livres

escudos e bandeiras
que se fragilizam
diante da delicadeza
do tempo

vendo os olhos
nesse véu de poesia
onde um dia
me achaste
descoberta

e fecho os lábios
feito pétalas
em botão
para que renasçam
contra o tempo

feito as asas
arrancadas
de meu nada
assim
hospedo nas horas
apenas o cenário
dessa paz
dissimulada

e deixo
meu amor
andar sozinho
mesmo dizendo:

- naquela manhã
fomos felizes para sempre






 Adriane Lima





Arte by  Craig Tracy

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Entre a origem de uniVersos





Leminski chegou
com sua meninice
corre pela casa
agarra as cortinas
dá cambalhotas sozinho
e morde meus cabelos
até dormir

quem disse
que gato não se apega
não sabe nada
sobre humanos
gato é quem escolhe
quem lhe dará
amor e cuidados

quem entende
seus miados
de fome, sono e necessidades

gatos já nascem sabendo
o que muitos humanos
não sabem
tem a máquina do "ronrrom"
para mostrar felicidade

 Leminski é pura alegria
em uma casa que estava vazia
me dá patadas para brincar
e mostrar sinceridade

esse é a grande verdade
que muitos humanos não fazem
uns dão patadas para sobreviver
e para sobressair

 Leminski me deu
energia rara
em seus olhos vejo
o azul do céu em plena noite de insônia

nós somos notívagos
quase gatos, quase humanos
ele enrola estrelas
enquanto aliso pensamentos
é quase ver um "big bang "
um tempo entre contratempos

estamos aprendendo juntos
a visitar a felicidade


 




Adriane Lima







Arte by Ron Mosnma

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A chave do possível




Árvore aérea
plantada em nuvens
ideológicas
onde está o chão
para tuas esperas?
terra há de ser
o mundo de alguém
espalhes sementes
que um dia
a verdade vem
nuvens se reinventam
luas mudam de fases
assim
misteriosamente
a verdade
é sempre
inexplicável
liberdade
é estar preso
sem significados
ou limitações
é fisgada
com direito
ao grito
podendo passar
ou ir além
a dor é felicidade
é limitada
é visão inventada
é carne experimental

que entre nuvens
nunca falte a
delicada água essencial

 



Adriane Lima





Arte by Christian Schloe 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...