quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O pendular de átomos



A tempestade
me traz uma lágrima
depois outra e
uma infinidade delas

a dor de sentir dor
e não poder gritar
remoer âmago
atiçar os poros
e se abraçar

ali, em plena
solidão de dor

dor de ser sentida
mais que minha
essa que caminha
pelas pálpebras
desce a coluna
e meu lado humano
se esvazia

dor de muitas almas
em um só corpo
dor indissolúvel
que afere à morte

dor
de ser sozinha
nesse braço de mundo










Adriane Lima










Arte by Christian Shloe
















Um lugar para se chegar



A madrugada
não mais me afaga
não me veste
com suas cores de breu
e brilho de estrelas

a madrugada
não é fria nem quente
pura mornidão
onde a ausência
tange meu corpo

a madrugada
me faz aclamar
por um lugar de chegada
uma réstia de luz
uma voz acordada

só assim sinto
que estou viva




Adriane Lima






Arte by Tomasz Alen Kopera

Beber os silêncios



Os silêncios de pedra
soterram aqueles que amo
acabe-me na fragilidade de vidro
a intempérie desmedida
em cacos
rumino tudo, lentamente






Adriane Lima





Arte by Ivana Besevic
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