quinta-feira, 29 de março de 2012
Poema do tempo
Nunca sei ao certo
o real movimento
se é recuo ou volta
esse eterno tormento
fico atada
aos velhos detalhes
nunca estabelecidos
não sei se vou ou se fico
do que nem poderiam ter sido
as imagens que passam
os silêncios que elevam
as verdades compostas
muitas vezes trazidas
pela poeira do tempo
migalhas de meia lua
em mim assim flutuam
me deixando inteira
com gosto de lua cheia
escrevo no vidro da sala
sob a embaçada porta
versos que eram tão meus
verdades que foram mortas
histórias que eram compostas
palavras que escoavam
sem ter quem as contivesse
doce loucura em vão
talvez isso explique o vazio
da solidão e do frio
daqueles que não se prendem
em rótulos
Adriane Lima
Arte by Jean Paul Avisse
quarta-feira, 28 de março de 2012
Canto in poema
Pássaro, que me doaste as penas
para que minha dor
fosse a de
pássaro
pássaro, de emplumado luto
me lancei em céu sem voo
fui semente de música
plantada em solo surdo
notas embrulhadas
em papel de pão
das migalhas que me doava
era esperar o anoitecer
para me ver morrer
sem teu canto
pássaro do tempo
onde os pés eu fixava
tempo onde o amor
que me mostrava
era terno e me encantava
pássaro
arranquei minha penas
fiz delas um cocar
fiz delas um cocar
um véu de tristezas
por nós a rondar
pássaro, me escute :
por nós a rondar
pássaro, me escute :
pode ser que tudo
mude
a poesia pese
a poesia pese
os sentimentos
voem
eternamente
além das palavras
ouvirei o teu cantar
Adriane Lima
Adriane Lima
Arte by Valery Belenikin
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