domingo, 23 de dezembro de 2012
Lábios do Amor
Abri meus lábios
para falar de amor
palavras únicas
e sabores mil
meus lábios se abrem
à procura dos teus
se arredondam
se alargam
se fecham
em angulares buscas
apenas úmidas vozes
e solitárias à procura de outros lábios
que falem a mesma língua dos meus
linguagem sem adeus
lábios às vezes pequenos
às vezes grandes,
prazeres raros
entornam concha divina
lábios ateus
lábios de duas feras
que por amor deveras
vivem intensamente
a volúpia da existência
mundana e terrena
o dilema de serem agentes
de um pecado do criador
bocas
línguas
salivas
olhares
pele
a alma vira um quintal
para esta vida tão sonhada e sentida
e eu ao abrir os lábios
encontrei um pedaço de mim em outra boca
e pude entender que o amor imenso e raro
é uma aventura sem fim
hoje, unidos, nossos lábios
são carne da mesma carne
guardam nossas palavras
para os momentos exatos
para o sussurro do gozo
para o calar da raiva
para o grito de liberdade
que é este amor
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Poema sem brilho
Não foi um ano fácil
ele não poderia terminar
diferente
dizem que é preciso
expurgar tudo
amanhecer todas as
dores
em gavetas da
alma
e exalar
perdão
errei muito
sofri muito
acertei também
perdi forças
perdi aliados
me sentenciei
já passei anos
melhores
rodeada de
filhos,brilhos
sorrisos e
alegrias
as luzes
internas
crianças são mais
brilhantes que as
luzes
da árvore de
Natal
e nesse pisca pisca da vida
muitas delas para
mim
se apagaram
não sei como vai
ser
saber que tenho
luzes
e elas não me acercam
mais
feito a árvore esquecida na
caixa
o sótão do tempo se
encarregou
de não mais
monta-la
doarei os
enfeites
para sofrer
menos
mas estarei em
paz
ao lado de outras
luzes
que brilham em meu
caminho
e peço a Deus que
essas
luzes demorem a se
apagar
já passei Natais onde tive
tudo
e meu brilho estava
sempre
procurando essa
centelha
de vida e sentimentos
maternais
Adri Lima
Arte by Irina Vitalievina
Volúpia a sós
Seriam delírios
de uma mente desejosa
de perigos
pernas roçam na seda gelada
e esquentam ainda mais
a pele arrepiada
dedos percorrem
tacitúrnicos poros
onde a saliva
deveria ser depositada
desejo de entregar-me
inteira
aninhar-me sob teu corpo
num abraçar de peles
e sussurros
cabelos serviriam
feito um freio
para conter o grito
enaltecido
pelo teu sabor
provado em minha boca
Adriane Lima
Arte by Omar Ortiz
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