Me desprendo da agonia do não
a resignação não vem pronta
deixo em minha pele marcas
de uma trajetória plena
sou arquiteta do meu corpo
cada marca esculpi devagar
ora amando o que o tempo trouxe
ora odiando o que mesma fiz
a minha história eu escrevi
bem ou mal, fui dona das vestes
e fantasias que aqui costurei
o infinito entrará em linha reta
ao saber que a cada morte
eu volto pronta
Sem remorsos pelas raízes
que não soube cuidar
e aos frutos colhidos
dou minha porção de vida
sem falsas palavras
minha alma segue livre
não há planos
para novas paisagens
a não ser, a oração nossa de cada dia
Adriane Lima
Arte by Edson Campos
Uns adaga
outros indagam
uns resguardam
outros engodo
uns luz
outros lodo
onde se encontra
a tríade que comporta :
os que ficam
os que vão
os que não viram a porta
qual desses então,
passarão
através do olho mágico
Adriane Lima
Arte by Mark Arian
Não, não precisa me visitar
não fiz teu bolo de brigadeiro
não lavei a varanda
nem molhei o jardim
não, não precisa me visitar
teu cão nem mais te espera no portão
já esqueceu teu cheiro
mesmo que fosse um perdigueiro
teria em memória teu abandono
não, não venha me visitar
tuas coisas eu já doei
para não doer em mim
a visão de tuas escolhas
não , não venha me visitar
a grama do vizinho continua sendo mais verde
a piscina com águas cristalinas
a casa cheirando a jasmim
não , não venha me visitar
meu jardim está abandonado
a piscina virou alegria de uns sapos
e a casa cheira a retratos
feito aqueles túmulos esquecidos
com vasos a espera de flores
detalhes que você não iria conseguir enxergar
Adriane Lima
Arte by Eric Lohner