sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Soturno



Salpiquei estrelas na noite
e as colhi no jardim
de azuis tornaram-se carmim
despi-me da intimidade
pétala por pétala
e meu cheiro de saudade
foi levado pelo vento

Sentimento à flor da pele
desenhando nuvens
na imensidão do céu
maravilho-me ao pensar
que ali, o imprevisível
poderia habitar

Água clara que escorre
percorre trilhas tortuosas
vida que segue e ninguém empurra
saltando pedras como quem flutua
num livre arbítrio de espumas

Sorriso frouxo, desejo incontido
animais domésticos protegidos
canteiro de ervas aromáticas
lavanda, alecrim e hortelã
em minha cesta de vida vã

Conheci o que nasce livre
sem que ninguém venha e semeie
o sereno vestindo a relva
me orvalhei a madrugada inteira

Adormeci acalentada pela música suave
e me despertei para o mistério que havia ali
a certeza de que em algum canto
estava o perecível que altera tudo

Era o tempo
tempo que ritmava a vida assim
e que marcaria cada um de nós
até o fim

 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by David Graux 

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