sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Amor Surrealista




Era eu, teu habitat
pisoteado quadriculado
de teu bel prazer
era eu o silêncio de tuas esperas
de tuas melancolias
e de teus calafrios noturnos

Sem saber era o teu sono
respiravas-me em invisíveis aromas
e assim presa em tuas redomas
passava as quatro fases da lua

Me emolduravas a toda hora
me encaixavas em toda parte
e sem saber já era o molde
de tuas peças desgastadas

Depois, fui abandonada
e numa estante colocada
junto aos teus livros já lidos
e teus papéis esquecidos

Minha dor se juntou ao bolor
de tua parede da memória
onde insólita fiquei.  
Sei que não sou perfeita
por mais que tenha flores
já perdi todas as cores

E todo brilho que me deste
foi colocado num sonho
que em meus dias indago
porque foi o abandono ?

Hoje sou enfeite sem apreço
e todo amor que te ofereço
ficará comigo guardado
nessa dor que me tortura

 
 
 
Adriane Lima

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