sábado, 10 de novembro de 2012

Lânguida



 
 
Meus olhos envelheceram
não pela idade mas, pela
fraqueza de olhar e não ver

por deixar o ácido derreter
o movimento e minar
minhas forças

logo eu, que não aceitava
a estatização
a pasmaceira das horas
a lentidão dos sentidos

logo eu,que ja ergui bandeiras
gritei até ficar rouca
inventei cores novas
para os tons apáticos

logo eu, bicho,
leoa selvagem
sem doma
virei gata de subúrbio
aceitando restos
de tantos outros

havia escolhas
mas me acomodei
deitada no sofá
da mansidão
não questionei

tempos, e tempos
soube estar em pele
errada, em espírito
que não era o meu

felinamente me servia
com meio sabor
de liberdade velada
e pacificamente
lambia a calma
dos dias

mas, não era eu

conheço os meus disfarces
sou mestra nisso
algo bem de signo
não de desígno

não era
e nunca foi resignação
era um conforto
para uma alma cansada
que pedia colo

cansei de usar
óculos escuros
de dizer que estou
feliz,em cima do muro

leoa amansada
de alma lavada
anda em corda bamba ?

improvável

respira e suspira
o relógio da insensatez
uma hora a corda arrebenta
ou o tic-tac tira ela
desse transe ...

 
 
Adri Lima
 
 
 
 
Arte by Foncone Von Hove  

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