sexta-feira, 14 de abril de 2017

Tempo de doer



No começo de mim
era rio, pastos alagadiços
terra de chão batido
muros baixos, caminhos livres

Novo tempo de mim
varandas altas, apartamentos
ruas desconhecidas
onde aprendi decorar nomes

Esse tempo de mim
de perdas, descaminhos
sonho de um lar, caos sem casa
pedaços esmagados em solidão,

Nas profundezas de mim
feita de mortes dos sonhos
onde hoje, os rios são rostos
que passam e se modificam

As margens de mim
sem paradas, seguem fluxos
entre os dias que no leito
eu mesma, teimo em não mais, adormecer










Adriane Lima







Arte by Forooghi Forooghi


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