quarta-feira, 17 de abril de 2013

Asas Noturnas

 
 
Corpo no espelho
quanto mais eu penso
menos sei o que vivi

mesmo podendo sonhar
ainda não sei se já cumpri
para o que nasci

no destino
clamei por anjos
me consumi

vi abismos
puros de mistério
em um corpo a vagar
na luz azul

definitivamente não me cabe
ares de negação
ao que se predestina

anjo,mulher ou sina
asas apropriadas
para uma alma livre

no espelho onde me toco
é mais fácil voar
do que cair

estranheza em palavras
que jamais usei
é o óbvio, é o sagrado

atrasos não cabem em horas
onde a mão iluminada
nos afaga

na solidão da madrugada
apagar a luz
é a saída

acolher o ardor
da alvorada
ao se olhar novamente no espelho

entender que sou melhor
quando a vida em mim
se torna frágil

 
 
Adriane  Lima
 
arte by  Miroslav Yotov
 
 
 

2 comentários:

  1. Que suas lindas asas a levem cada vez mais alto. Adorei este poema!

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  2. cada um encontra sua forma, e sua poesia, para lidar com a solidão... eu nas madrugadas não pago as luzes, digo que é quando a minha noite começa, a noite que só acaba na madrugada... há nesse poema dois versos que ficam, mais que o todo: atrasos não cabem em horas... e a estrofe final, tocante, de uma ternura que a gente tem vontade de abraçar... beijos, Carlos

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