segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Nas asas do ventre







 Tudo vem do vento
do vento vem seu perfume
ecoando entre silêncios

a vida nascida em rosas
para enfeitar a morte
e postergar a secura inevitável

tudo vem do ventre
do ventre vem meu ardume
trazido entre palavras ressentidas

que se misturaram ao estrume
de uma paz tão sonhada
que nunca existiu

nesse buquê invisível
entre o que é real
e o que inventamos
existe o fio da história

desde o jardim do Éden

a mulher que escreve versos
sente o sopro dos diálogos
abafados pela mágoa

agora de olhos fechados
alisa a areia do tempo
enquanto toca o mar
e os desenganos
com seus pés de nuvens










Adriane Lima











Arte by Helen Mauren  


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