quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sobre a morte da leveza


 
 
Cansa-me os olhos rasos
as habituais superfícies
desejo as veias profundas
onde a exigência da vida
torna-se estado de peso
 
essa estranha sensação
que falta a engrenagem de tudo
olho o pingo da chuva anônimo
que matou a borboleta
 
a água caída formando
um aguaceiro, sem freio
 
-não direi nada de ternura
 
a água levou
o que estava no ar
e meu inúteis olhos
a tudo assistem
 
sob eles está a terra
que irá engolir a borboleta
peso e leveza
em estado de graça
 
como meu destino humano
desfazendo pegadas
recolhendo ossos
tecendo o prenúncio
de minha própria eternidade
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Koey Milk
 
 
 
 
 
 

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