sábado, 21 de janeiro de 2017

As dores sabem gritar



Deitei em sua ternura
e um mar se revelou para mim
sopros suaves, gestos silenciosos

atravessamos momentos
de melancolia
sujamos as mãos
em terras estrangeiras

náufragos
cada um se salvou
ao agarrar o solo firme

senti natural se perder
sem precisar explicar
ou sofrer

Deitei em sua ternura
e fomos pulverizados
por mentiras torpes

bastava continuar
se movendo
em direções opostas

e foi o que fiz

cravei os dentes
na borda do copo
ao beber gim
li alguns manuais de
boas maneiras

gritei seu nome
até esquecer a pronúncia
sob uma chuva gelada
numa rua escura

estou de volta
dentro de minha ternura
começando outro caminho
como sobrevivente







Adriane Lima












Arte by Teri Shuster











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