sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A linha tênue sobre os trópicos





Sinto lhe dizer
eu não nasci para ser
lembrança de homem nenhum
Aqueles que um dia me tocaram
se apoderaram de meu destino
assim como eu me apoderei do deles.
Vivificamos amores, o que faz com que
possamos nos sentir marcados.
Ainda que alguns pelas dores.
Lembranças para mim são aquelas
recordações do tipo :
ímãs de geladeira, fitas do Bonfim.
Aquilo que guardamos de um lugar visitado.
Não me pense lembrança, melhor seria,
dar a isso o nome de desejo
Querer ter o que lembrar, é desejar
lembrar um corpo é também saber
que terá que esquecer
Corpo, matéria que se desmancha
com o que chamamos tempo.
Eu desejo lembrar dos amores
os demais serão apenas desejos
do que por (a)ventura eu quis um dia
mas não apenas por lembrança

 








Adriane Lima









Arte by Calli Rezo  

A leveza da lava





Tira o véu da carcaça
Verás o pouco que sobrou
Depois do terremoto
Que varreu tudo em mim


Um tsunami devastador
Fez reviravolta em tudo
Derrubando meus preceitos
Aniquilando raízes


Se apoderou do meu destino
Invadiu ofegante
Onde passou tudo levou
Arrasando e destruindo


Hábil fera, nem tempo tive
Para trancar o espaço
Veio devastando
Varrendo, rasgando
Queimando sem fogo


E eu
Tão vulnerável e sonhador
Nem tive tempo para entender
Que isso era amor





Adriane Lima e Elian Vieira Silva (Nane )





Arte by  Patrícia Ariel

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Lamento de sereia




Ele me chamou para ver o mar
dançar com ele uma valsa na areia
ser a sereia que o tempo não desfaz

Aquela que mora no fim dos versos
dos poetas que escrevem sob a lua
e trazem o murmúrio das ondas
nos cabelos revoltos ao vento

Sendo eu, sereia, respondi :
- eu te salvo de mim
não guardes dentro de ti meu nome

Meus pés cravados em pedras
não saberiam te acompanhar
meus olhos insones secaram
os mares que me cercavam

Meus ouvidos fecharam-se
a todos os versos de amor
que por mim declamaram

Eu te salvo de mim
e de toda minha metade mulher
a outra metade peço-te agora
mate-a !!!
Como todas as outras vezes
que me mataste por inteiro

Depois, degusta-me feito o peixe
que vem na rede do pescador
que sai sem temer o mar e
reza acreditando nos orixás

Cada pedaço meu, pulsará em
tuas entranhas e entenderás o
meu canto : eu te salvo de mim






Adriane Lima 








Arte by Victor Nizovtsev




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