quinta-feira, 2 de julho de 2015

Sem avisar a solidão





Rasgo o tecido invisível
que me cobre e teima em
não soltar de meu corpo


Despida de toda delicadeza
a frágil existência humana
grita minhas vontades


Começo a mentir por precaução
e por recomendação do vento
que toca minha pele nua
mostrando a frieza dos dias


A dor vem da verdade dos fatos
de não saber fechar ciclos
conter no peito gritos
e enfeitar roteiros


Minhas intuições são claras
e ao transpô-las em palavras
sufoco minha fala


Não são asas, são cascas ilusórias
de uma felicidade equilibrista
mundana e idealista


Sim, era eu aquela envolta em beleza
e hoje me sangra o peito em carne viva
ao juntar pedaços da memória
de cada história interrompida


Eu sempre hesito ao
dizer que não há culpados e apunhalo
com a leveza de um único golpe
o meu corpo saudosista
















Adriane Lima










Arte by Christian Schloe

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Indomável asa

 
 
Meu coração anda cansado
de acreditar no amor romantizado
tremer pelo beijo roubado
desvendar os segredos da noite
e guardar-se em seu próprio território
 
meu coração se viu assustado
quando ao seu lado
a lua teve outro brilho
e o céu enfeitado de estrelas
apontava Vênus colada em Júpiter
 
as horas raras de puro instinto
onde o Olimpo nos doava o espanto
e algumas asas translúcidas
 
na esquina do tempo
tua mão à procura da minha
por esses instantes
minha alma não sentiu-se sozinha
mas seria melodia, sem refrão
 
Meu coração feito borboleta
fez pouso leve e mudou a direção
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Irma Gruenholz

Sem pedir nada

 
 
Um velho silêncio
me faz companhia
tudo se perde, bem sei ,
os cenários, os sapatos,
os olhares, as palavras
as chaves, as direções
o rosto que jurei nunca esquecer
o sorriso que afirmei sempre ouvir
tudo se gasta
e eu, tecelã de poesias
tento bordar algumas estradas
endereçadas aos meus verbos
empurradas por uma mão invisível
que teimo não acreditar ser minha
Sinto um deserto em meus olhos
as miragens, já não me iludem mais
Não peço coordenadas para ir em frente
sem animosidade entendo tudo
mudei como a geometria da lua
minguei despida de esperanças 
de abraçar um gesto de amorosidade
talvez alguém pergunte, onde Eu estava
nesse momento mudo
e então responderei :
Não uso palavras para enfeitar o que sinto
quero apenas silenciar-me
nessa substância de ser gente e sentir tudo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Willian Rose
 
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