domingo, 29 de janeiro de 2017

Em busca de um sol nascente




Embalada por uma
rede de sonhos
flutuava minha
criança interior

Era preciso colo,
acalanto, olhos fechados
ao espanto

De saber-se mundo
com pressa e
dores inevitáveis

Coração frágil
de menina
sem entender certezas
sem perder esperanças

Ouvidos voltados
para o canto
de passarinhos
para as cores suaves
de Monet

Crepúsculo em
ponta de dedos
embasando segredos
serenidade traduzida
em palavras
adormecidas na alma

Menina que entendeu o tempo
fez chover até aparecer
o arco íris e o sol
da irreverência em seu peito





Adriane Lima





Arte by Marina Dieul

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A flor que a chuva levou



Adentro em sopros
a boca da tarde
sem culpas
piso descalça
a flor do poema

Matinal é a dor
da beleza
que mora no silêncio
da chuva que antecipa
o voo do passarinho

Seco as gotas
da vidraça
num infinito
desassossego

O cinza do dia é apelo
para a solidão escarlate
que inunda meus poros

Sei que estou viva
só preciso viver
o avesso de minha essência







Adriane Lima





Arte by Jindra Noewi


sábado, 21 de janeiro de 2017

As dores sabem gritar



Deitei em sua ternura
e um mar se revelou para mim
sopros suaves, gestos silenciosos

atravessamos momentos
de melancolia
sujamos as mãos
em terras estrangeiras

náufragos
cada um se salvou
ao agarrar o solo firme

senti natural se perder
sem precisar explicar
ou sofrer

Deitei em sua ternura
e fomos pulverizados
por mentiras torpes

bastava continuar
se movendo
em direções opostas

e foi o que fiz

cravei os dentes
na borda do copo
ao beber gim
li alguns manuais de
boas maneiras

gritei seu nome
até esquecer a pronúncia
sob uma chuva gelada
numa rua escura

estou de volta
dentro de minha ternura
começando outro caminho
como sobrevivente







Adriane Lima












Arte by Teri Shuster











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