segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Correntes de um castelo

 
 
Se a dor que sinto
não lhe diz nada
pouco importa
hoje a porta fechada 
fez meus olhos enxergar

castelo de prisões
guardavam princesas
em seus porões

porões de pensamentos
e não de palavras
porões de silêncios
e não de carinhos

chegaram
os ratos famintos
as penumbras constantes
os hábitos dissonantes

e apagaram o que
já estava escuro

vozes não ecoavam
conselhos não bastavam
e a injustiça se coroou

o cansaço diário
o olhar visionário
por gerações se consagraram

e nada disso adiantou

era pouco o que eu tinha
era muito o que eu dava

e a falta mais amarga
era do espírito da verdade
do calor e intensidade

do laço a se desmanchar

e assim mais uma sina
se cumpriu
e as portas
do destino ou do acaso
entre nós, se abriu

as dores foram muitas
desde a ausência do visível
a mais terna falsidade

flechas fincadas em meu corpo
causaram torpor
aterros e agruras
me conduziram à loucura

do que restou

efeito antigo e recente
que absorvo descrente
se já aprendi a carregar

artilharias diárias 

condições ordinárias
que nem um santo poderia suportar

peso de lã em cordeiro
se há pecados no mundo
que sejam de amor verdadeiro
só por eles vale à pena sangrar

 









 Adriane Lima


Arte  by Cristofle Lorain  

sábado, 25 de agosto de 2012

Serena mente, coração descrente





Abro meu peito
no limite máximo, sinto que
meus pulmões não respiram
colecionam silêncios e descompassos

carrego hoje nos ombros a dor do amor
pesos desmedidos e amarguras infinitas
caminhante sigo
não paro o relógio do tempo

inverno, verão ou primavera
a violência dos dias vem vindo

destruindo
separando
esgotando

promessas de uma última flor
nos jardins de minha memória

A essência tem cheiro de passado
onde afago só retratos
balbucios de quem mal sabia andar

mergulho em miragens
me banho no lago de Deméter
água que me purifica
férteis sementes emergem

desejando que todos os dias
eu possa me perdoar pelas
horas de sede da verdade

onde tudo era colisão
meus pés buscando asas
no avesso da emoção




Adriane Lima  






Arte By Christofle Lorain

Prato feito











Famílias nem sempre
são flores de candura
você pode cuidar e
oferecer toda lisura

água doce em pedra dura
nem todo ouro
é fornitura

queimam e não se moldam
aos tempos de amargura
felizes os que de febres
não se coabitam 

grãos de gerações
que morrem na areia
com faces lânguidas


Que festa !!!!





















Adriane Lima


































Arte by Haley Hasley
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