segunda-feira, 29 de julho de 2013
Sem tempo para as nuvens
Mais um final de dia
sem a poesia
dividir a escassez das horas
para me pertencer
ao luxo de ser poeta
ou aprendiz
saboreando a morte diária
penso no que anoitece comigo
por entre o tempo
penso no que me move
expresso o que me comove
e me fez chegar até aqui
cada ser que me atravessa
e me compõe
feito pétala
solta pelo tempo das decisões
vão se perdendo em esquinas
quem estará usando
aquele meu vestido de renda
bordado por mãos
tão delicadas
quem estará calçando
aquele meu sapato de lã
confeccionado pela
minha avó
as lembranças
amareladas
nuances brancas
em várias demãos
vão passando
passando em vão
o tempo e suas perdas
a maturidade e seus ganhos
no ir e vir das urgências
mais um dia se finda
restou-me a nostalgia
e uma "quase poesia "
apenas para deixar meu rastro
enquanto finjo que sou
quem eu gostaria de ser
Adriane Lima
Arte by Ernesto Arrisueño
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Solitude
A aranha tece a teia
onde nada se mexe
-aprendi casear botões
O cão sabe a hora
de se alimentar
-aprendi cozinhar solidões
O pássaro recolhe galho por
galho
para fazer seu ninho
- passei a viver o hoje
entre fragilidades
instinto aprendido
vi tudo isso
em seus ciclos
vínculos com o uniVerso
usufruir do fluir
o divino compromisso
da vida a passar
em construção com a solidão
Adriane Lima
Arte by Omar Ortiz
Poema Flutuante
Chegar ao limite de âncora
uma salva de fogos
aos morto vivos
um deus mais puro ?
um caos seguro ?
por onde começar
enquanto espero levantar
oh, mãe natureza
a lua
o sol
eclipse em profusão
o peso do apreço
nos ombros
torneado por flores
por cima
os sonhos mal vestidos
marcas engomam
o ego de aventuras
falta ar
falta fôlego
é avião voando
rente ao chão
- perdemos
perdemos a hora marcada
sinuosos corpos
sob anaguas do destino
obediência estoica
presa a orelhas
de poucos ouvidos
o que nos humaniza
além do verso de cada poema
é a liquida certeza
de uma bolha de sabão
passível de poesia
Adriane Lima
Arte by Larissa Morais
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