terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Sob o poder de tuas asas
Eu que sou poeta
ou pelo menos busco ser
com o coração romantizado
busco loucuras e clichês
sinto palavras doces
escorrerem pela pele
a boca cheia de sussurros
e a alma absoluta
e eu quero o sabor
para macular minha loucura
finjo poderes de ninfas
sou sua Helena
sou sua Ofélia
a dona da teia
de emaranhadas mulheres
que você amou
em cada verso livre
sinto que me cabem
mais ousadias
e cito Pessoa :
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena"
e as nossas
acordam estrelas
ouvem a música dos anjos
e se transpassam
feito repousadas borboletas
no útero do anoitecer
movem céus internos
a procura do néctar
de distraídas pétalas
-alçam voos
libertas
para que tudo aconteça
antes que o dia termine
Adriane Lima
Poema invariável
É perante amor que falas
é pelo amor que calas
é por amor que inventas
e me mostra então,
todas as (pre) posições da língua
Adriane Lima
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Entre pétalas adormecidas
É essa compulsão de viver
de ser, de ter
de doar, de desejar
o desejo por sí só
nos faz sofrer
alimentar as feras
que habitam as cavernas
do imaginário poder abstrato
Hybris me ensinou
o orgulho,o desenfreio
a desmedida vocação
para o drama
para o intempestivo voo
e vi um olhar de asas
que me consumiu
acreditei voar
e o maldito desejar
tentou matar
minha fome
e então ganhei
olhos poéticos
um espírito calmo
e placidez
ao estilo Déjá vu
de Sophrosyne
de tudo que sei
me dói desejar
de tudo que sinto
me dói desprender
é como ver um rei
fraquejar ao olhar
seu exército
retornar vazio
quando o mundo
ao seu redor ruiu
ainda restará a flor
a flor da espera
a terra em brasa
o céu habitado
por Eros
doando ilusões
sim, há uma flor
a flor de lótus
plainando sobre pântanos
solitários
em uma tarde
quem sabe um nobre plebeu
com sua espada em riste
e seus olhos calmos
que a tudo assiste
sentará nessa paz
quem sabe …
Adriane Lima
Arte by Christian Schloe
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