quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nua ideia





Há sempre em mim
algo contido
que nutre meu verso
tornando-o arfante


há sempre em mim
algo escorrido
que escapa de meu verso
tornando-o infante


quase uma meditação
quase uma maldição


nem sempre é o bastante
pertencer a poesia
forjar voos
jogar-se em abismos
dosar sofismos


em mim há delicadeza
sem hesitação
há o sofrer errado
querer tudo
e não desejar nada


não há poema
só poesia
há sempre em mim
um acorde dissonante





Adriane Lima








Arte by  Juan Carlos Manjarrez

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O ponto cego da guerrra





Cuidado,
ela é louca, é poeta
escreve rimas
sobre latrinas
escreve em métricas
dores fétidas
cuidado
ela é dona de uma ira santa
inversiva, suicida e acrobata
cuidado,
ela é capaz de rasgar o vil metal
ela é tão louca
que deixará
o poema à mercê
para você
escolher
o final









Adriane Lima








Arte by Flora Borsi 

Remissão das palavras

 


O vazio de um peito
esta cheio de dor
a existência
se ausenta
na verdadeira natureza interior


uma metade inteira
uma metade vazia
uma vida suspensa no ar


o falso alimento
das palavras e do silêncio
ocupam o delírio
da observação


caprichosamente
o vento leva
o vento traz 

palavras aspergidas no ar

são essas gotículas de vida
o pó da morte, o meu antraz







Adriane Lima






Arte by Brian McNeil 
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