sexta-feira, 8 de julho de 2016

Caminhos cruzados



Teus olhos para me perder
nada mais queria ver
teu corpo para me aquecer
nada mais queria ter
teu amor para me enlouquecer
nada mais para dizer
outro tempo
outro verbo
sem rima
sem nexo
o que fala por mim
é o momento que não quer passar
linguagem do silêncio
pedindo para ficar
eu sussurro
em pensamento
verbos que esqueci
como conjugar
dar-te-ei
meus voos
envoltos em minha nudez
de alma a flor da pele


































Adriane Lima

Sob o peso do nada



Hoje há uma felicidade 
de conciliação
com o mundo externo

Um desfrute de nostalgia
com as projeções futuras
do que faltou, do que ficou

O doce encantamento
do momento página em branco
onde não há nada
nem anotações
nem lágrimas
nem belezas
ou tristezas

Há o amanhã
e a possibilidade
de ir além do racional
de contar com o tempo
além das horas fabricadas

Em que caminhamos
para o nada (e o nada é tudo )

E lá estamos nós,
repletos do absoluto




Adriane Lima







Arte by Haijin Bae














segunda-feira, 16 de maio de 2016

A frágil matéria

 
 
Como se pudesse
remediar a inspiração
como se valesse
não ouvir minha razão
como se ousasse
privar tal sensação
 
quando me entregaste as mãos,
a paz na voz tão ansiada,
sabia ser um milagre
para minha solidão cansada
 
inaugurei novos caminhos
onde a memória sorverá desejos
como a aurora aguarda o dia
sonhando com as estrelas
 
e nós, por capricho iremos sofismar
pela tamanha incapacidade
de preservar os olhos vermelhos
 
além das palavras, peles e esperas
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Lucy Salgado
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