quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Desencontro




Hoje estou assim
Com sangue estancado na veia
Como mar que morreu na areia
Como pipa presa no fio...

Esperando esse amor que veio e não pode ficar
Noites, sons, acordes, poemas
Vinhos, incensos, cinemas
Tudo ficou para trás

Nos labirintos de meu coração
Tão logo a noite acabe
Tão logo o fogo passe
Eu já te fiz saudade
Sem te propor decisão

Sei que sou talento perdido
mulher que não deseja marido
Nem consolo, nem samba-canção
Sepulto bem longe toda essa coleção

Digo que um cisco caiu no olho
Que cortei a mão numa lata de molho
Mas, não deixo você me ver sofrer, nem chorar

Aspirinas, cafeína, vinho tinto,
Desconcertos, calçada, estrada,
Lua cheia, madrugada
Restos de perfume na ponta de um livro

Meus segredos mais cativos
São minhas melhores companhias
Tantas indagações, covardia
Expectativas, entre noites, entre dias

Entre tudo que escolhi e que você não vai ter de exaltação






Adriane Lima

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