segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Válida Dor



Minha mãe sempre avisou
vai doer
vai sangrar

mas eu sempre arranquei
minhas cascas das feridas

sem com elas me importar
 

abria uma a uma assim
bem distraída
e via fazer sangrar
aquela dor esquecida
hoje me corto pouco a carne
é bem verdade,
já estou crescida
 

mas o peito fere e sangra
diariamente as maldades da vida

um mundo em desequilíbrio
onde a fome a submissão
 

são cascas que jorram dores
que chegam sem permissão
essas sinto aos montes
por todos aqueles
que a padecem
 

mas,minhas dores
essas não cessam
mesmo que eu
as jogue longe
 

ansiedades
desamores
restos de histórias inacabadas
que me pesam feito um bonde
tempo perdido
filhos crescidos
e meus amores mal resolvidos
 

poucos são os que tem sorte
de ter noites em vales calmos
sem um Valium que lhes acalme
a ferida exposta na carne.
 

entre aqueles que são prosa
e tem o Prozac na mesa
desfilo minhas certezas
de lhes terem tirado a calma
encobertam com remédios
as dores profundas da alma

Essa feridas ficam abertas
em distraídos instantes

onde figuram atores
com suas dores, estanques

 



Adriane Lima




Arte by  Saturno Butto

Um comentário:

  1. Adri,

    As dores do mundo também são nossas, difícil não senti-las no dia-a-dia.Tudo estampado a nossa frente,muitas vezes somos impotentes, pois elas nos tomam, dor angustiante no coração. Faz-se o que se pode, contudo fica a sensação de nada.
    As nossas dores pessoais, estas as resolvemos com paliativos, lenitivos, e ainda que temporários nos fazem respirar. Mas também devemos deixar nossa teimosia, forçar o esquecimento, que é um santo remédio, aliado à força do tempo.
    Abraço,
    Aureliano.
    PS : À propósito , você tem postado lindas imagens junto com os textos.Belíssimas cominações.

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