Minha mãe sempre avisou
vai doer
vai sangrar
mas eu sempre arranquei
minhas cascas das feridas
sem com elas me importar
abria uma a uma assim
bem distraída
e via fazer sangrar
aquela dor esquecida
hoje me corto pouco a carne
é bem verdade,
já estou crescida
mas o peito fere e sangra
diariamente as maldades da vida
um mundo em desequilíbrio
onde a fome a submissão
são cascas que jorram dores
que chegam sem permissão
essas sinto aos montes
por todos aqueles
que a padecem
mas,minhas dores
essas não cessam
mesmo que eu
as jogue longe
ansiedades
desamores
restos de histórias inacabadas
que me pesam feito um bonde
tempo perdido
filhos crescidos
e meus amores mal resolvidos
poucos são os que tem sorte
de ter noites em vales calmos
sem um Valium que lhes acalme
a ferida exposta na carne.
entre aqueles que são prosa
e tem o Prozac na mesa
desfilo minhas certezas
de lhes terem tirado a calma
encobertam com remédios
as dores profundas da alma
Essa feridas ficam abertas
em distraídos instantes
onde figuram atores
com suas dores, estanques
Adriane Lima
Arte by Saturno Butto
Adri,
ResponderExcluirAs dores do mundo também são nossas, difícil não senti-las no dia-a-dia.Tudo estampado a nossa frente,muitas vezes somos impotentes, pois elas nos tomam, dor angustiante no coração. Faz-se o que se pode, contudo fica a sensação de nada.
As nossas dores pessoais, estas as resolvemos com paliativos, lenitivos, e ainda que temporários nos fazem respirar. Mas também devemos deixar nossa teimosia, forçar o esquecimento, que é um santo remédio, aliado à força do tempo.
Abraço,
Aureliano.
PS : À propósito , você tem postado lindas imagens junto com os textos.Belíssimas cominações.