segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Verbal...mente



Quero dizer qualquer coisa
extrair a fórceps
gritar bem forte
ousar minha voz
provocar dor é sorte

Tatuar-me sem piedade
arranhar a pele viva a navalha
pergaminho de maldades
dos ferimentos que vieram com a vida
porque dor maior é a saudade
ferida que não se cicatriza

E assim corre a vida
mel e fel
na veia
peso nos ombros

e na piedade o verbo: respiro
e na vontade o verbo: hiberno


fecho os olhos
entre silêncio e desassossego
versos faço ao inimigo
lânguida flor da permanência
do que estancado vive comigo

e na palavra o verbo: viver
quase que por instinto

e no instinto o verbo : morrer
quase que permitido

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by Marina Podgaevskaya
 

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