quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Silêncio Amniótico







Tudo em volta
é o caos travestido de calma
manobras sem retrovisor

a vida é maior que o fato
a culpa é menor que o ato
o amor repousa no fruto
do que não foi sentido no tato

sou um ser que retém tudo
passional e racional
contidos num só mistério
brinco de não me levar a sério

quando sei dos impropérios
falo mais que fico muda
tenho forma e conteúdo
desde o vazio da insensatez

meu ritual de crescimento
é solidão por uns momentos
não pertencer a lugar algum

minha melhor companhia
é minha poesia
sou minha mãe e minha filha
nesse ninar reflexivo

sou de repente o que me falta
sou meu descrédito e minha credora

vivo faminta e sedenta
sempre que a vida me arrebenta
internamente me visto de amor


 


Adriane  Lima

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