sábado, 15 de outubro de 2011

Servidão de Palavras



Em dias que estou solitária
Escrevo mais poemas
tiro mortalhas
fico mais leve
perco meus medos

Nesse silêncio que vive aqui
minhas mãos não podem ficar
sozinhas com a caneta
pois quase de veneta
teimo em falar de amor

Mas não posso deixar
que isso me domine
tenho vontade de fazer rimas tolas
de tomar a vida em uma ampola
doses pequenas
para sentir mais

entorto as linhas de meu compasso
faço meu corpo ficar de aço
não deixo a luz entrar
fico plena de escuridão
renuncio muitas verdades

Bastaria saber que são fases
Bastaria saber que estou viva

Mas a poesia sempre quer mais
ela quer falar do que não posso
e me torno sua subserviente
ela quase me domina

nesses dias febris
onde falo de amor
e meias verdades
e meias mentiras
qualidade
que não é minha
mas dela
que se faz rainha
e me comanda

E eu,nada ouso,
além de escrever

 




Adriane Lima

Um comentário:

  1. Que coisa mais linda.... reflexivo....
    a poesia tem vida própria, somos apenas veículo da escrita.... belo!!! Beijinhos!

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