Acordei questionadora querendo-me em tudo pertencer um pouco saber-me viva de fato e não poeira de gente,esquecida sob tapetes memorias ou enfeites de todos que por mim passaram. Voei em lembranças distantes e revivi tudo aquilo que já me vestiu. Já fui as cordilheiras que mirei ao longe os desertos de sal que pisei os rios onde mergulhei ilhas esquecidas que ancorei quando criança terrenos secos e mangues um oásis no deserto de alguém. Já fui o vento que me transportava até elas e nesse sonho enclausurei-me em cada uma. Sendo areia,sendo bruma,um pedaço de saudade pelos passos dados. Todos os sentidos que me foram doados : tato,visão, audição e olfato,eu fiz valerem em cada chão. Já fui leveza de pássaros em revoada,já fui o peso do atropelo de manada. Por muitos ombros e corações. Segui assim, predestinada a ser tudo e a ser nada,diante dessa imensidão do mundo. As ruínas e escavações, o muro erguido das lamentações, fui todas as letras e composições de uma vida. Fui também,a queda d'água fria e esquecida pela mata intocada do despreparo. Fui o julgo,do olhar febril e desconhecido,fui o estampido do apito final. Até o liquido veneno escorrido, em cada partícula do universo extremamente humano e viril. Fui, sei, sou : palavras passadas,poemas avessos sentimentos livres onde me esfrio e me aqueço. Ainda respira em mim o cheiro de infância em eterna alternância.
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