sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O verso envelopado




E quantas vezes direi :
minha poesia
de alma nua, lhe dei

numa razão displicente
retirei a máscara das palavras
embora estando nua
a vesti de melodias
jogos de linguagens
doces e ritmadas

a alma das palavras
só percebe quem
pranteia despedidas

ou quem emoldura
na face uma pueril
gargalhada, mesmo
quando entre lembranças,
quase empoeiradas

doa asas ao momento
e entre o olhar se despalavra

eu perco o poema
enquanto espero o poente
perco a poesia
ao falar daquilo que vivi

cada palavra significa
meu próprio grito
de saciar até o fim
essa imensa fome de ti
a boca doa sussurros
palavras sem dono
conotação de um desejo

derramado em versos
gestados no silêncio
das mãos que a tudo
faz e desfaz






Adriane Lima







Arte by Toshiuki Enoki

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