quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Vertentes de um pulsar vazio



Nem todas as palavras me cabem
em horas cotidianas
são visões emolduradas
através do vidro empoeirado
onde um leve sopro de aragens
me faz companhia

Meus olhos que sempre viram tudo
agora embaçados, se negam o longe


Chego a brincar de desvendar o outro
o que pensa a moça que olha o céu
o velho que pausa de cabeça baixa
o cão que se lambuza de restos

Somos marionetes da rotina
a correria não nos deixa ver
em um universo tão visual

Letreiros, sinais, setas, indicam o vazio
de um cordão umbilical que se partiu

e tudo, é tão nada

Sou meus olhos,
a procurar uma solidão vasta
enxerguei tarde
no desvão de imagens

Onde tudo são  sensações
sem linguagem 
do tempo íntimo da vida








Adriane Lima






Arte by Xavier Pesme

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