domingo, 29 de janeiro de 2012

Meu céu invernal



Se fosse só ter asas e poder voar
se fosse só ter boca e poder falar
se fosse só ter braços e poder te segurar

me faria ave alada dona da liberdade
seria livre acima dos pensamentos
sem deter palavras ou mesmo sentimentos
mulher feita de braços para abraços
e não distanciamentos

sonho além da poesia
amor sereno e magia
mar alado em final do dia
céu azul celeste de outono
quase invernal

Homem que me consome
e não vê que és caminho
e não atalho de meu padecer

És infinito de vastas cores
és céu em chamas da secura de inverno
onde busco teus lábios ao anoitecer
és rio navegado transbordando em mar
onde me aquietas em meus pecados
de sons lacrados e dialéticas vozes

Mar de acontecimentos
vejo-te renascendo
manhãs em mim
espelho de coragem
onde anuncio viagens
espaço de universo
onde sou marcada

onde somos o amor e mais nada

 





Adriane Lima






Arte by  Sergey Ygnatenko 

Bailarina alada



Me perdoa
Quero ser uma
Quero ser outra
e de mim,nenhum pouco

Sem os excessos
Que outra me caberia?
Ser página
Ser livro
Palavra rasgada
Sem saída

Chôro escondido
Ou talvez o verso bandido
Que eu não possa escrever
Sim,rasguei verdades

Mas não quero ser eu
Ser sonho de nada
Ser vigiada,por olhos maduros
Não me quero refém

Eu te quis quando
Tudo parecia seguro
Quando juntos erguemos o muro
Quando meus olhos fechados
Por ti foram enganados

Tarde demais para verdades
Buscarei novas paisagens
Cansei de ver teus reversos
Pode subir tua aposta
de que cada um tem o que merece

Senti o sabor de meu pânico
Senti a dimensão da loucura
Meu amor foi destino renunciado
Quando me fiz escolher,ser tua

Fui zombada pelos Deuses
Sem nada merecer
Mas sendo outra e não eu
O que terei a perder...



Adriane Lima


( Imagem : Ana Luísa Kaminsk )

Acordes Dissonantes



Mesmo que exitando
mesmo que tecendo
fantasias na cabeça
roda gira
gira mundo
tempo não espera
segundo
seguindo
rondando
sombras de folhas secas
passos em desvios
calafrios
sopro com gosto
de café coado
espresso em
cenas de vitrines
codinomes
jornal do dia
vento na cara
Jobim no coração
assovio uma canção
cruzo dedos
fé em oração
aceleração
preciso sair de casa
parar de ouvir
tua voz em
resssonância
um sinal
inconstância
não calo
de lá te mando
um cartão postal...


Adriane Lima
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...