sábado, 25 de fevereiro de 2012

Devaneios em cores



Queria pintar o negro da rosa morta
escarlate vindo da arte
dos céus que se conhece
queria pintar o escárnio
o escaravelho cor de prata
das emoçoes presas na garganta

pintura e arte se levantam
em opressões de vidas vãs
figurativas paisagens entrepostas
na memória de quem as viveu

cores inventadas ou expostas
de quem em linha reta nasceu
sol das cinzas resplandecentes
calor humano envolvente

se há bom tempo
há bom pressentimento

arte e vida se misturam
e nas telas corpos se procuram
pelo toque colorido dos sonhos
do artista que os inventou
e com forças expressou:

esse mundo é todo meu...

 


Adriane  Lima


Arte by Dave Kinsey

Asas perdidas



Entorpecida borboleta remontada
pousou em flores carnais
carnívora  ideia que apavora
os restos de ávidos mortais

Casulo envolto em teias
presa a argumentos banais
pobre borboleta vive a esmo
descobriu que já não voa mais


O azul de penetrante intensidade
paira no silêncio das manhãs
onde as horas são atalhos
recheados de indelicadezas vãs
e assim nessa frieza
borboleta não consegue mais falar

Tateante, mansa e sonolenta
abriu as asas para se olhar
acreditando no que outrora havia
em seu universo levitou
buscando forças
entre o céu e o mar


Saíra antes do casulo ???
gotas de chuva amoleceram seu escudo
corpo frágil, lento e vagabundo
pedindo a ela forças para levantar

Borboleta teve seus desejos dissipados
perdeu asas entre o sonho e o despertar
não amanheceu, sucumbiu-se ao silêncio 
das luzes envoltas ao luar





Adriane Lima





Arte by Dorinas Costras





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Feitiço de estrelas




Vazio...
aqui jaz meu quinhão de sorte
percorri léguas entre sul e norte
envolto em nuvens
buscando meu lugar

Via-láctea me seguiu
viagem onde fui livre
e a esmo me guiei

Olhava encantada um mar de estrelas
e cá embaixo açucenas pelo ar
inebriante feitiço de águas claras
misturavam sonhos e despertar

Bífida língua de enganos
entorpecida me pus a escutar
entre corpo e cabeça
céu profano
roda de ciganos
melodias a tocar

Homens e seus preceitos loucos
não sabem ser ,nem onde querem estar

Quinhão de sorte ; é a morte
minha única certeza
é que ela sempre vem  me espreitar
e eu que não sou feita de eternidade
vou com ela hoje, me deitar...




Adriane Lima


Arte by  Dorina Costras
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...