sexta-feira, 7 de março de 2014

Prato de cerejas





Talvez eu use vermelho já entrei e sai
trinta vezes do espelho
talvez eu só pinte as unhas de carmim
quero algo que lembre sangue
colado em mim
glorificado em corpo e espírito
o mal sem raiz
ando em quietudes anêmicas
algo de ausências
ao viver me rendo
ao ardor me bordo
alinhavo palavras insensatas
vermelho é sólido
o tempo é liquido
estou nele para evaporar
 


 
Adriane Lima



Arte by Karol Bak 

Cotidianas

 
 
 
Logo cedo
tento realizar um mantra
é a redenção ao medo
igual 
quando o isqueiro falha
ao acender o último cigarro
 
algum anjo deve estar de sobre aviso
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima  
 
 
 
 
 
Arte by Gabriel Picart

quinta-feira, 6 de março de 2014

O silêncio dos hibiscus



Minha natureza é estranha
a raiva me sobe
o sangue me jorra
e fico ainda mais efusiva

minha dor está nas linhas
meu eu nas entrelinhas
ambos se manifestam
e continuam lutando

na alquimia dos sentidos
entendo as energias
dou cor as euforias
muito embora poucas restem

no fundo não lamento
talvez o esquecimento
seja a maior redenção
alma que não fala
aprisiona o grito

já adiei tanta sede
frente ao copo
já sequei tanta água
dentro ao corpo

a vida cobra uma rotina
tomo um café na cama
abro as cortinas
vejo um céu nublado
pressinto ser pecado
me entregar a escuridão

deixo então, tudo fluir
o melhor sorriso a me vestir
embora dentro esteja em febre
reajo a toda combustão
raiva, incerteza e solidão
e a química produz efeito :

vou de frente ao espelho
me permito então errar
ao ter tentado enxergar
alento onde não havia

respiro fundo todo
esse sacrilégio
de um dia ter escondido
o tédio, que era viver
te inventando para existir

 


Adriane Lima






Arte by  Alessandro Marziano
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