segunda-feira, 11 de maio de 2015

A morte dos rouxinóis




A cada vez que morria
sabia qual delas iria
ter que enterrar

essa parcela de morte
não era possibilidade
de renascimento

era uma estranha
agonia em salvar-me
da paralisante vontade
que jamais fora minha

morri em tantos dias
de emoções não vividas
de águas tolhidas
de mãos em heranças de asas

que hoje alegro-me
de sucedâneas mortes
esquecidas ou lembradas
nesse olhar vazio
avistado pela solidão do mundo







Adriane Lima









Arte by  Amy Judd

Entre voos perdidos

 
 
Éramos nós
em uma solidão que
nunca foi mansa
 
trabalhando o avesso
de programados cotidianos
entre fortes e ensaiadas palavras
 
que por serem ambidestras
compuseram poemas
 
equilibraram-se nas mãos
que escreviam delicadezas
e traziam punhos cerrados
 
na calmaria banharam-se
em adormecidas torrentes
que não mais desejávamos navegar
 
por hora, há indagações demais
uma dor renasce
em toda tarde que morre
 
abri as mãos frente ao rosto
e enxerguei nas digitais
o tempo passando
em sonhos furtivos
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by Jean Pierre Leclerq
 
 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Para que os anjos digam : amem



 

Um brinde a vida
que pede passagem
sem bilhete e com bagagem
a maturidade me impede
de estacionar
 
as fraquezas do ontem
mais fortalecidas
as verdades do hoje
tardiamente concedidas
 
e valha-me Deus
que tudo valeu a pena
 
por graça ou por merecimento
por amor ou estranhamento
vivi intensamente a realidade
 
nem heroína, nem covarde
segui com fé e esperança
paciência e serenidade
 
houveram tantas lutas e escolhas
entre asas e gaiolas
com meus iguais tive levezas
espalhei delicadezas
sem nunca desistir de um cais
 
fiz da voz o meu ofício
dos pincéis a minha arte
do meu riso o sagrado
do amor a necessidade
sem nada impor jamais
 
meu brinde a vida
sem prazo de validade
Amor! Saúde e Liberdade
até onde a taça exceda




Adriane Lima










Arte by Stephen Mackey


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